Paulo Caetano Não deixa de ser curioso que as instituições financeiras possam sucumbir a vendavais de credibilidade comuns às relações humanas, como em uma relação matrimonial e de amizade de anos e anos. Aprendemos, nos últimos dias, que mesmo os gigantescos e aparentemente sólidos sistemas financeiros podem desabar de uma hora para a outra, por uma “simples” crise de confiança. O fato é que a turbulência detonada pela implosão do Lehman Brothers e que ameaça levar de roldão outros bancos americanos, abalou gravemente o mercado interno, forçando o governo Bush a medidas emergenciais, e mexeu ainda com os pilares da economia internacional, o que é normal em uma economia globalizada, respingando inclusive no Brasil, que teme os impactos no acesso a recursos externos e nas exportações, principalmente de produtos agrícolas. Esperamos que essa crise não chegue a tanto, até pelas características do mercado internacional atual, menos dependente da economia americana, tendo fortes laços com os emergentes e outras nações em fase de estruturação; mas comparações têm sido feitas com a crise de 29. Lembrando que, nos anos 1920, culminando em 29, a economia americana, depois de uma fase de euforia estonteante, naufragou em trágica onda especulativa. Muita gente contraiu dívidas que não pôde pagar, como agora, de novo, nos EUA, centro do capitalismo mundial. O resultado foi a chamada Grande Depressão: queda brusca da produção e dos salários, falência de empresas em cadeia, desemprego em massa... Dizem alguns que as propostas nazi e fascista talvez não tivessem tido êxito não fosse o crash de 29. O mais interessante é que não é apenas a economia que funda o seu equilíbrio na confiança. A política também e talvez mais ainda. Significa que as maiores instituições sociais estão na dependência de um elemento de natureza moral, essencialmente humano. Chegamos assim a uma conclusão preocupante porque a imensa maioria dos brasileiros, de acordo com pesquisas do instituto Vox Populi e do Ibope, nega a devida credibilidade aos políticos, ao Congresso Nacional, à Câmara Federal, aos legislativos municipais, etc. Se assim é, que expectativa de mudanças há com as eleições que estão aí. O que faremos, no próximo dia 5 de outubro, nada mais é que dar um voto de confiança a pessoas que acreditamos capacitadas a nos representar, fazendo boas leis nas câmaras e executando os melhores projetos em nossas cidades. Em síntese, se já tínhamos que nos preocupar com o desenvolvimento sustentável, equilibrado, confiável, da nossa economia, mais atenção merecem, pelo visto, as bases da democracia, carentes de segurança. Contador, empresário da contabilidade e presidente do CRCPR; e-mail: [email protected]